Artesão de rua da Paulista se notabiliza na internet por ações inovadoras
João Ricardo Marcillo
Há alguns anos o vão livre do MASP vem sendo ocupado por moradores de rua, usuários de droga, entre outras pessoas consideradas rejeitadas pela sociedade. Mas o que muita gente não sabe, é que entre essas tantas pessoas, existem grandes personagens com bastante conteúdo para compartilhar.
O personagem desta reportagem se chama Antônio José da Silva, de 49 anos, mais conhecido, na região da Paulista como “Piauí”, local onde ele expõe e comercializa seus produtos de arte manual. Segundo o morador de rua, os políticos e as autoridades em geral se esqueceram dele e de tantos companheiros que vivem na rua, mas que esse fato não o entristece, pois as pessoas que passam por lá, compram suas peças artesanais, conversam com ele e valorizam sua arte.
Antônioou “Piauí” como prefere ser chamado, saiu de sua terra natal Picos no Piauí, quando tinha apenas quatorze anos, em busca de uma vida melhor em São Paulo. Porém não obteve condições de estudo e sem uma formação profissional, as dificuldades financeiras acabaram o levando para as ruas. Nos últimos tempos ele tem se notabilizado na internet com o compartilhamento e divulgação de projetos liderados por ele, como: capoeira, teatro, troca de livros e outras atividades realizadas ao ar livre.

“Eu vivo aqui no vão do MASP, desde 1991 e sempre convivi em harmonia com as pessoas, mas de tempos para cá a GCM (Guarda Civil Metropolitana) resolveu bater na gente, proibir nossas atividades ao ar livre” contou.
Segundo o artesão, o fato dele não ter tido acesso ao estudo formal não o impediu de ser uma pessoa esclarecida e informada.
“Eu já li mais de cem livros na minha vida, eu peço emprestado, troco, recebo livros em pagamento do meu artesanato de pessoas que passam por aqui na Paulista. Muitas pessoas acham que só porque você vive na rua, você é alienado, não tem noção das coisas, mas eu vou atrás, me informo, consigo discutir qualquer assunto”, afirmou.
Questionado sobre o seu conteúdo estar sendo veiculado na internet, Piauí se diz contente, pois segundo ele, o seu trabalho não tem espaço na mídia tradicional.
“Esses tempos eu realizei uma grande troca de livros que só foi possível graças a divulgação das pessoas pela internet, porque a televisão não fala, não dá espaço para nós. Eles abrem espaço para falar de organizações criminosas, dão espaço para quem destrói mas não dão espaço para quem constrói”, comentou.
Para quem se interessou pela história de vida e trabalhos realizados por Piauí, é possível encontrar na internet conteúdo relacionado ao artesão no Youtube e no Facebook.
Artista de rua se notabiliza por visão critica e ações voluntarias no vão do MASP.
(Foto: André Back)