O Poder da Música na Mudança Social
Há 27 anos Nádia Salomé vive da música e transmite seu trabalho de forma humanizada deixando claro seu amor pelo que faz
Por Jeneffer Cordeiro
O mercado cultural da música em nosso país não é muito valorizado, porém, ainda podemos encontrar pessoas engajadas em proporcionar mudanças na sociedade por meio da música. A professora de música, Nádia Salomé, dá aulas há 27 anos e faz dessa atividade sua principal renda financeira. As aulas de piano erudito, clássico e popular, além de órgão gospel e teclado popular, rendeu a Nádia uma clientela de 40 alunos, entre 4 e 65 anos e possibilitou a ela abrir seu próprio estúdio.Seu primeiro contato com a música foi aos 6 anos quando começou as aulas particulares de piano em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. “Eu ouvi o som de um piano uma vez e disse para a minha mãe que queria tocar” relata Nádia.

Ela começou a lecionar aos treze anos de idade e conta que o começo de sua carreiracomo professora de música não foi muito difícil, pois além de muito nova para ter uma renda, ela trabalhava dentro de sua própria casa, com a coisa que mais adorava fazer.
Segundo ela, as questões financeiras se tornaram mais difíceis com o passar dos anos, porque mais compromissos surgem e fica difícil administrar o tempo.
Nádia conta que o cenário atual da música em nosso país não é motivador para quem trabalha nessa área. “Os músicos têm poucas opções de mercado e são remunerados mais pelo gosto de fazer do que pelo verdadeiro valor que a sua música tem”, diz.
Nas aulas que ministra, Nádia procura também trabalhar a igualdade racial e social entre os participantes e para isso, é preciso traçar um caminho que possa transformar mentes e atitudes. Em relação ao mercado de trabalho, ela conta que já passou por momentos difíceis, pois tinha um número pequeno de alunos. “É muito difícil desistir de algo que gostamos tanto e mesmo os momentos críticos nos faz suportar e seguir em frente”, diz.
A influência de seu trabalho já alcançou as pessoas ao seu redor. Hoje suas duas filhas, Andyara e Anny Lara, de 15 e 9 anos respectivamente, tocam piano e, seu marido Isaías, que já era músico desde os dez anos, começou a dar aulas de trompa há cerca de 15 anos no mesmo estúdio que Nádia leciona.
Para a formação de músicos, Nádia acredita que o aluno deve ir além do instrumento que toca. “Paraser um músico, não basta só se dedicar ao seu instrumento, o aluno tem que se adequar e adquirira linguagem musical por completo”, relata.
Para ela, o estudo de um único instrumento é muito isolado e sem vivência. Trabalhando em equipe e interagindo com outras pessoas o aluno obtém a vivência musical e isso é muito importante. Afinal, nenhum músico toca sozinho o tempo inteiro e a execução de um bom trabalho é sempre feita em conjunto.

Para ela, o estudo de um único instrumento é muito isolado e sem vivência. Trabalhando em equipe e interagindo com outras pessoas o aluno obtém a vivência musical e isso é muito importante. Afinal, nenhum músico toca sozinho o tempo inteiro e a execução de um bom trabalho é sempre feita em conjunto.
Explorando sentidos
A didática oferecida no estúdio musical de Nádia trabalha diferentes percepções da criança e ajuda no desenvolvimento. Conheça algumas oficinas ministradas por ela e quais sentidos do alunosão explorados em cada aula.
Oficina de instrumentos rítmicos
Nesta oficina são utilizados materiais recicláveis como garrafas PET, tubos de papel alumínio, PVC e latas de leite em pó. Esses materiais são transformados em instrumentos e com eles as crianças conseguem resgatar timbres, observar o som que o material faz e até mesmo perceber
que a junção de outros materiais pode modificar o som produzido. Ou seja, as crianças passam a ter uma noção física e uma melhor dimensão dos diferentes sons.
Curso de percepção musical
Neste ponto o aluno começa a perceber as diferenças entre os sons que estão longe, perto, sons graves, médios e agudos e assim as aulas vão evoluindo até que o aluno consiga ouvir uma nota e saber qual é a nota musical ou qual é o intervalo de som. Basicamente, é um curso que busca aprimorar o ouvido.
Aula de rítmica
É nessa aula que os alunos fazem os solfejos rítmicos. A professora faz a leitura rítmica e o ditado rítmico onde eles representam um som no papel por meio de figuras rítmicas.O aluno ouve um som e através do conhecimento de um símbolo musical ele consegue representar aquilo em um papel com uma grafia musical. Com isso, é explorada tanto a leitura dos alunos, a fluência da leitura ritmicamente e também o áudio na medida em que eles conseguem ouvir, saber e escrever o que está ouvindo.
Aula de solfejo
O aluno vai olhar para uma partitura e desenvolver aquele trecho musical com ritmo e melodia. O processo é ampliado à medida que o aluno consegue fazer o solfejo cantando e em polifonia (outras vozes funcionando junto).