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ILUSTRAÇÃO

pra época. Não era o que eu queria fazer, mas imagina uma criança com sete anos não sabe direito o que quer fazer. Depois de um tempo já estudando, eu fui no Mauricio de Souza, ele atendia uns garotos para ir treinando os materiais, e o próprio Mauricio me atendeu, ele atendia todo mundo e ensinava como fazer o personagem, ele fez um desenho na minha frente e deixou comigo. Eu me lembro que quando viajei com meus pais levei papel e fiquei treinando, treinando, ai em um belo momento eu falei ‘Não, quer saber não vou desenhar Mônica nenhuma, quero desenhar o meu personagem’ e foi dai que surgiu o Cubinho, ai depois com quase um ano eu comecei a publicar.

 

Onde você começou a publicar?

Eu comecei a publicar com 15 anos no Diário do Grande ABC esse personagem Cubinho. Ele é personagem com traço infantil, mas com uma temática adulta.Ele falava de direitos humanos, anistia, corrupção, problemas sociais e principalmente poluição e ecologia, assunto que não se falava nos anos 70, mas começa aparecer alguma coisa. Eu fiquei seis anos com a tira diária depois eu saí de lá e colaborei com outros jornais, mas não era diariamente. Enquanto eu estava no Diário, a tirinha saía no Jornal de Brasília e na Gazeta de Vitória, durante dois anos eu sai nos três jornais ao mesmo tempo.

Além do Cubinho você tem outros personagens?

Tenho, eu tenho outras séries publicadas também.

Mas ele (Cubinho) é o seu favorito?

Na verdade, ele é o mais antigo.

Você já fez trabalho para fora do Brasil?

Os espaços que ainda existem para cartunistas estão sumindo, diz profissional da área

Por Letícia Ticianeli

Mario Mastrotti de 56 anos é nascido e criado no ABC paulista, cartunista e professor universitário. Começou a desenvolver suas habilidades com os desenhos a partir dos sete anos de idade e com 15 anos já trabalhava no Diário do Grande ABC. Criador do personagem Cubinho, hoje com 41 anos de existência, foi muito popular nos anos 70. Mario acredita que a categoria cartunista no Brasil é curiosa, segundo ele, não têm espaço para os profissionais e os que têm estão sumindo com o tempo.

Você começou sua carreira com 15 anos, porque tão cedo e de onde surgiu essa vontade de ser cartunista?

Na escola, quando eu tinha seis anos, a professora chamou minha mãe para falar que eu não parava de desenhar e que era bom incentivar.Com sete anos ela me levou em uma professora de pintura, que é o que tinha

Ainda não, o que eu tenho é premio lá fora, cartum eu publiquei em uns catálogos.

Depois do Diário do Grande ABC você trabalhou com comunicação interna, pra você, qual a diferença entre trabalhar com cartum diariamente e trabalhar com comunicação interna?

Quando eu abri a Mastrotti Assessoria de Comunicação e Editora LTDA, eu fazia cartilha para treinamento. Eu batalhei muito, corri muito atrás de clientes, eu pegava o nome da empresa e ia falando com as pessoas até chegar em alguém que pudesse me dizer sim ou não. A Pirelli foi meu primeiro cliente, ainda como freelancer. Mas teve um momento em que eles falaram assim ‘olha, agora a política mudou, a gente só pode ter fornecedor empresa, pessoa jurídica, então ou você abre sua empresa ou você não vai mais poder fornecer pra gente’. Então eu fui lá e abri. Primeiro eram cartilhas, gibis falando de qualidade, de segurança no trabalho, questões de saúde, certificações, etc. Eu fiz isso para

muitas empresas. Depois eu comecei a perceber

 

que existe um espaço para trabalhar, que são os jornais internos. Então eu comecei a contratar jornalistas por job, um fotógrafo, ia para as reuniões de pauta, passava para todo mundo o projeto, passava o dia de entrega, fazia o cronograma, recebia todo o material, eu montava a arte, fechava, mandava pra aprovação, ia para a gráfica e eu entregava o jornal. É muito divertido fazer isso, então mas depois comecei a perder o jornal pra própria empresa.

Você também fundou a editora Virgo, não é?

Na verdade, a Mastrotti Assessoria tem o nome Virgo como nome fantasia.

De onde surgiu a ideia de abrir a editora? Foi no mesmo momento da assessoria?

Sim, mais ou menos. Veja, quando eu comecei a editar livro cooperado eu ainda fazia alguns jornais internos. A ideia era usar cartunistas sem espaço para publicação, então eu falei ‘puxa vida, de vez esperar essas editoras, vamos fazer nós’. Então eu juntei as pessoas, cada um investiu um pouco, com 27 autores, cada um deu uma parte do dinheiro, dava para editar, depois cada um ficava com uma pequena cota e lançava o livro na sua cidade. Eu dava as diretrizes de como fazer o lançamento, eu aprendi a fazer os lançamentos, fiz vários, foi muito legal. Foram 25 livros durante 10 anos, deu para fazer um barulho. Nós fizemos a primeira, e única até então, coletânea de tiras nacionais, ao todo fizemos 10 edições.

Como você chegou até a Universidade Metodista? Como você se tornou professor?

Foi um convite, tinham cortado um professor, faltavam 15 dias para começar as aulas e eles precisavam de um professor de produção gráfica, ou seja, alguém que conheça gráfica, diagramação, taxar arquivo, mandar para a gráfica, que faça livro. Então uma pessoa da Metodista me ligou convidando e eu disse ‘nossa, você está falando com a pessoa certa?’ daí ele me falou ‘não, é o seguinte, a gente precisa de alguém que faça isso que você faz todos os dias’. Então eu disse que para dar aula disso eu conseguia, comecei a ir para lá, fiz a entrevista e não saí mais.

E você está na Metodista a quanto tempo?

Eu estou lá desde 2002, há 14 anos, um belo tempo.

Você acha que a tecnologia nessa parte de desenho, ilustração, etc, ela ajuda ou atrapalha?

Ela ajuda em certos sentidos, a minha geração ainda fez o desenho na mão, escaneia e vai trabalhar no computador, tem alguns que fazem totalmente a mão. Agora a geração mais jovem, já vai para o tablete, eu também tenho um, e assim, até dá para fazer, sem problema nenhum, mas a gente é tão rápido com o desenho que acaba fazendo com o lápis mesmo, já escaneia e depois finaliza, normalmente é isso.

Para finalizar, o que você diria para as pessoas que estão iniciando carreira agora, que querem seguir com desenho, quadrinho, etc?

Pergunta difícil, mas vamos lá... Eu diria assim, no Brasil existe espaço para cartum, charge, caricatura?

 

Existe, só que assim, como toda área você precisa batalhar muito, você precisa ter muito foco, se aprofundar bastante e correr muito atrás. Então eu diria que se esse é o sonho deles para eles não desistirem, mas ter consciência do quão difícil é.

Conheça mais sobre Mario Mastrotti

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