Artesão como Profissão
Como se manter durante a crise gerando cultural nas ruas de São Paulo
Por Amanda Campos
Atravessar a fronteira em busca de mudanças, foi o que fez Juan Carlos Matamala aos 22 anos de idade. Veio da Espanha para o Brasil para conhecer e se profissionalizar, hoje aos 56 anos Juan conta que já é um cidadão brasileiro e apaixonado pelo país.
Se profissionalizou como encanador industrial e trabalhou durante muitos anos em uma mesma empresa com carteira assinada, mas os planos mudaram devido à crise econômica. Desempregado encontrou um outro meio para manter a sua verba e a saída foi a trabalho artesanal nas ruas de São Paulo.
O artesanato tem ajudado a renda familiar, casado e com uma filha de treze anos, Matamala prioriza manter as condições da sua família por isso aceita fazer qualquer serviço, consegue dar aulas de espanhol particular, fazer serviço de encanador a domicílio e até confeccionar lembrancinhas de casamento com o trabalho artesanal.
Feitas com todo o cuidado e com o acabamento perfeito as obras de Juan são vendidas facilmente, no entanto ainda falta o reconhecimento das pessoas em relação ao trabalho artesanal “eu escrevo nomes em enfeites ou chaveiros, faço instrumentos musicais, algumas pessoas passam e admiram mas ainda sinto que falta um pouco de cultura aqui”.

Suas obras são mais valorizadas no centro de São Paulo devido a quantidade de turistas que passam por lá, por exemplo na rua 25 de março “Certo dia um americano viu minha exposição na calçada, ele ficou admirado principalmente com o preço, brincou que eu deveria ir para o país dele e vender por lá”. Juan estudou outras línguas porque quer conhecer outros países, e assim como ele veio da Espanha para o Brasil, ele pretende sair do Brasil para outros lugares do mundo, por isso levou a brincadeira do gringo em consideração.

Artesão tem sonhos
Mesmo com a experiência profissional, curso de inglês e disposição para trabalhar, Juan tem tido dificuldade em conquistar um novo emprego, acredita que o motivo seja a idade mas mesmo assim continua sonhando em viajar e conquistar novas oportunidades no mercado de trabalho.
“Gosto do que faço, mas seria bem mais interessante se as pessoas valorizassem a arte a e cultura de um país tão bonito como o Brasil”.
O artesanato tem grande influência para a cultura de um país, ela pode definir a identidade cultural das regiões brasileiras.
A profissão de artesão foi regulamentada, com a lei nº 13.180, estabelecida pela presidente Dilma Rousseff em 2015 e beneficiou cerca de dez milhões de artesãos brasileiros. A lei especifica a destinação de uma linha de crédito especial para financiar a comercialização e produção das obras.
O artesão agora tem uma credencial que funciona como uma carteirinha de identificação, dessa forma as exposições podem ser feitas legalmente nas ruas, e mesmo assim Juan tem dificuldade em divulgar seus produtos, que acabam sendo confundidos com produtos ilícitos. “Ás vezes vêm o fiscal e pede para a gente sair, ele mesmo não consegue diferenciar que o que eu faço é um trabalho criado por mim, não faz parte de uma pirataria”.
A falta de conhecimento sobre lei talvez seja um dos fatores principais para a confusão entre a obra de arte e o trabalho ilegal acontecer “Eu pago imposto trabalho regularizado e por isso acredito que o Brasil não está carente só de cultura mas de várias outras coisas”.
Artesanato não é camelô
